domingo, 7 de abril de 2013

UMA VIAGEM DO TEMPO EM MIM

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E assim, o tempo fez um viagem em mim. Ele correu montanhas de gelo em meu peito, atravessou rios de correnteza turbulenta, cruzou abismos profundos que cravaram meu coração em outras épocas. Num turbilhão imaterial, me acompanhou pelo espaço, me conduziu por mundos em que vivi mas que, por desleixo ou por ignorância, deixei pra trás.

O tempo voltou em mim, foi me ver nascer. Chorou comigo algumas vezes, brincou de bola, de peão, de pipa... cresceu comigo. Amargurou em dados momentos, sorriu em outros.

Algo pesou nos ombros, e sem entender, arqueei os braços como se tentasse me livrar de algo invisível. Era só o tempo, pasmado pelas ignorâncias que eu insistia em cometer. E o tempo viveu em mim o suficiente para me conhecer novamente. Pois é, o tempo não me reconhecia mais, mas ele não era o culpado. Quem sabe sequer eu me reconhecia em algumas atitudes.

A viagem continuou, e o tempo, amiúde, tocou sua sinfonia. Eu escutava, tentava decifrar, mas não tinha idéia de onde vinha aquele som tão estranho e, ao mesmo tempo, tão íntimo. Aos poucos, fui me envolvendo e lembrando. Acabei contagiado por uma sensação esquisita, de pura nostalgia, de pura melancolia. Mas aquilo era bom, fazia bem ao espírito.

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Ao fim de uma madrugada de pouco sono, o tempo se foi. Não, meu tempo não havia acabado, mas sim ele terminou sua viagem pelo meu eu atemporal. Estranhamente, o tempo dobrou-se em dúvidas. Não me entendeu. Ou não soube me ler.

Porém, eu e o tempo chegamos num acordo. Ele pode correr o quanto for, pode me envelhecer, pode até me fazer morrer, mas ele teve que aceitar minha condição anacrônica. Independo de tempo e espaço para me refazer.

Minutos foram necessários para reconstituir o que se perdeu por meses. Isso, o tempo jamais entenderá. Azar dele.


Marcio JR
(Marcio Rutes)


5 comentários:

  1. O tempo, por vezes, se torna vilão. Mas ele sempre é o mestre em e por todas as coisas. E, assim como quem briga num tempo atemporal, em meio ao temporal que afofgam-me as têmporas e latejando visões no escuro, o meu tempo é também um senhor que às vezes não me reconhece no espelho, não rejeita mas também não me aceita. Que não me receite remédios, nem doses homeopáticas, então, praquilo que não se pode curar ou tirar com as mãos, em tempo nenhum.

    Porém, o tempo é ainda o senhor do meu templo.
    Ele que me sabe dizer não o caminho a seguir, mas quanto tempo (sem des)esperar.

    ♪tempo, tempo, tempo... tu és um dos deuses mais lindos♪

    Beijo na alma,
    Sam.

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  2. Sempre que te leio, fico realmente muito emocionada.
    Tuas palavras tocam a alma, é como magia, brilho ofuscante, sentimento, fratura exposta, sei lá como dizer. Mas é belo, é pleno, é puro.

    Maninho, quisera o tempo ter tempo para conhecer-nos a fundo, assim sem véus, sem pressa, com tempo.
    Beijão!

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  3. O tempo...fragmento de uma medida sem fim...gosto de "gastar" um pouco dele pisando nas areias deste canto - ouvindo ecos do que está sendo dito, enquanto não é por ti, esquecido...

    Boa semana, Marcio.
    Beijo.

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  4. Hoje, particularmente, o seu texto me tocou.Ando assim sem tempo para o agora imersa numa nostalgia hora gostosa, hora estranha e incerta como se o tempo quisesse me contar algo importante que acabei esquecendo.Talvez seja o outono que nos deixa mais voltados para nós mesmos...

    Seus textos são maravilhosos.

    Beijinhos.

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  5. ...traigo
    ecos
    de
    la
    tarde
    callada
    en
    la
    mano
    y
    una
    vela
    de
    mi
    corazón
    para
    invitarte
    y
    darte
    este
    alma
    que
    viene
    para
    compartir
    contigo
    tu
    bello
    blog
    con
    un
    ramillete
    de
    oro
    y
    claveles
    dentro...


    desde mis
    HORAS ROTAS
    Y AULA DE PAZ


    COMPARTIENDO ILUSION
    MARCIO



    CON saludos de la luna al
    reflejarse en el mar de la
    poesía...




    ESPERO SEAN DE VUESTRO AGRADO EL POST POETIZADO DE DJANGO, MASTER AND COMMANDER, LEYENDAS DE PASIÓN, BAILANDO CON LOBOS, THE ARTIST, TITANIC…

    José
    Ramón...


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